O crime (des)organizado em Minas Gerais: peculiaridades de um estado brasileiro
Abstract
Neste artigo refletimos sobre as dificuldades do Primeiro Comando da Capital (PCC) em se institucionalizar no estado de Minas Gerais. A partir de dados disponibilizados no âmbito de um processo penal que escrutinou a estrutura do PCC, obtidos através de escutas telefônicas autorizadas pela justiça, apresentamos as resistências aos três eixos estruturantes do Comando em razão da demanda de maior autonomia. Entendemos que essa independência para a sociabilidade dentro das prisões, para o estabelecimento de regras no comércio de drogas e para o uso da violência na administração de conflitos pessoais podem ser lidos como parte de uma dinâmica de masculinidade. Logo, os valores machistas, como a autonomia e a possibilidade de uso de violência para a solução de conflitos continua a ter papel de destaque na não subsunção dos “bandidos” da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), destoando-os das regras do Primeiro Comando da Capital de racionalização e previsibilidade das mortes. Em suma, Minas Gerais parece se aproximar das dinâmicas criminais masculinas do Rio de Janeiro, mas de uma forma mais fragmentada, dada a ausência de uma efetiva governança criminal em seu território, o que implica em constantes disputas entre pequenos grupos desviantes
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