Reminiscências do pensamento crítico de Lola Aniyar de Castro e o julgamento dos crimes contra a humanidade no Brasil
Resumen
RESUMO
O objetivo do artigo é recuperar parte do legado crítico de Lola Aniyar de Castro a fim de debater a seletividade do controle penal em relação aos crimes contra a humanidade. A metodologia de pesquisa foi a análise documental e bibliográfica, bem como o estudo de caso, focado no estudo de dois julgamentos do Supremo Tribunal Federal (STF). A nossa hipótese é que o STF do Brasil, no momento de ajuste de contas com o passado, ao apreciar a constitucionalidade da lei da Anistia, em abril de 2010, julgou a ADPF 153 e, ao avaliar a imprescritibilidade dos crimes de lesa-humanidade (Extradição 1362), optou por interpretação restritiva quanto à investigação e julgamento de crimes contra a humanidade.
ABSTRACT
The objective of this article is to retrieve part of the critical legacy of Lola Aniyar de Castro in order to debate the selectivity of the penal control concerning crimes against humanity. The methodology is the documentary and bibliographical analysis and it is based on the case study of two sentences of the Brazilian Federal Supreme Court. Our hypothesis is that the Court, when faces the past, in the judgment of the Amnesty Act, in April 2010 and in the Extradition Proceeding 1362, adopted a restrictive interpretation and it did not permit the judgment of crimes against humanity.
Citas
ALBUQUERQUE, A. X. DE & ABREU, I. W. DE. (1976). Representações por Inconstitucionalidade: Dispositivos de Constituições Estaduais (Tomos I, II e III). Brasília: Subsecretaria de Edições Técnicas do Senado Federal.
ANITUA, G. I. (2005). Historia de los pensamientos criminológicos. Buenos Aires: Del Puerto.
BARATTA, A. (1999). Criminología crítica e crítica do direito penal: Introdução à sociologia do direito penal. 2ª ed.. Trad.: Juarez Cirino dos Santos. Rio de Janeiro: Freitas Bastos.
BASSIOUNI M. C. (1996). “Searching for Peace and Achieving Justice: The Need for Accountability”59 Law & contemp. Probs. 9, 27.
BEEBEE, T. (2010). Can Law-and-Humanities survive Systems Theory? Law & Literature, n 244.
BENTHAM, J. (1843). Constitutional Code, Works, Vol. IX, Bowring, p. 77-78;
BENTHAM, J. (2005). Teoría de las Ficciones Jurídicas. Madrid: Marcial Pons.
BERGALLI, R. (1985). “Una sociología del control penal para América Latina: la superación de la criminología”. In: Bergalli, R.; Bustos Ramírez, J. (Comp.). El poder penal del Estado. Buenos Aires: Depalma, p. 3-23.
BERGALLI, R. (1987). Argentina: cuestión militar y discurso jurídico del olvido. Doxa, Cuadernos de Filosofía del Derecho, n. 4, pp. 381-402.
BERGALLI, R. et al. (1996). Control Social Punitivo. Sistema penal e instancias de aplicación (Policía, Jurisdicción y Cárcel). Barcelona: Editorial María Jesús Bosch, S.L.
BLANCHARD, M. A. (1991). The American Urge To Censor: Freedom of Expression Versus the Desire to Sanitize Society-From Anthony Comstock to 2 Live Crew. 33 Wm. & Mary L. Rev. 741.
BOHOSLAVSKY, J. P. (2015). ¿Usted también, doctor?: Complicidad de jueces, fiscales y abogados durante la dictadura. Buenos Aires: Siglo Veintiuno Editores.
Brasil. (1937). Constituição de 1937, de 10 de novembro.
Brasil. (1964). Ato Institucional de 1964, de 9 de abril de 1964. Dispõe sobre a manutenção da Constituição Federal de 1946 e as Constituições Estaduais e respectivas Emendas, com as modificações introduzidas pelo Poder Constituinte originário da revolução Vitoriosa.
Brasil. (1978). Supremo Tribunal Federal: 150 anos. Brasília: STF.
Brasil. (1985). Pesquisa Brasil Nunca Mais. São Paulo: Arquidiocese de São Paulo.
Brasil. (2010). Supremo Tribunal Federal. ADPF nº 153, rel. min. Eros Grau.
Brasil. (2013). Supremo Tribunal Federal. ADPF nº 320, rel. min. Luiz Fux.
Brasil. (2014). Comissão Nacional da Verdade: Relatório. Brasília: CNV.
Brasil. (2016). Supremo Tribunal Federal. Extradição nº 1362, Rel. Min. Edson Fachin. Relator para o acórdão, min. Teori Zavascki.
CALMON, P. (1938). O Rei filósofo: vida de D. Pedro II. Edição ilustrada. São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Porto Alegre: Companhia Editora Nacional.
CARROL, L. (2007). The Hunting of the Snark. Lightning Source.
CARROL, L. (2014). Alice no País das Maravilhas. Trad. Clélia Regina Ramos. São Paulo: Universo dos Livros.
CASTRO, L. ANIYAR DE (2005). Criminologia da Libertação. Rio de Janeiro: Revan.
CASTRO, L. ANIYAR DE. (1985). “El Jardín de al lado”. Revista Doctrina Penal, Depalma, n. 8, Buenos Aires.
CASTRO, L. ANIYAR DE. (1988). Un debate sin punto final. Revista Doctrina Penal, Depalma, n. 11, Buenos Aires.
CASTRO, L. ANIYAR DE. (2000). “O triunfo de Lewis Carroll”. Em: A nova criminologia latino-americana. Discursos sediciosos: crime, direito e sociedade. Rio de Janeiro: Freitas Bastos.
CASTRO, L. ANIYAR DE. (2004). Pensamento Criminológico. Da Criminologia Clássica à Criminologia dos Direitos Humanos. Belo Horizonte: Mandamentos.
CASTRO, L. ANIYAR DE. (2009). “La Criminologia Crítica em Siglo XXI como criminologia de los derechos humanos y contra-reforma humanística o las teorias criminológicas no son inocentes”. Em: Revista Interferencia – Derechos y seguridade humana.
CAVALCANTI, T. (1982). O Supremo Tribunal Federal e a Constituição. Em: Marinho, J; Rosas, R. (Coord). Sesquicentenário do Supremo Tribunal Federal. Brasília: Editora UnB.
CODATO, A. N. (2005). Uma história política da transição brasileira: da ditadura militar à democracia. Rev. Sociol. Polit. n.25.
CORN-REVERE, R. (2011). Moral Panics, the First Amendment, and the Limits of Social Science. 28 Comm. Law, 4.
CORREA S. J. (1992). Dealing with Past Human Rights Violations: The Chilean Case After Dictatorship. Notre Dame Law Review, vol. 67.
DREYFUSS, R. A. (1987). 1964: A Conquista do Estado. Ação Política, Poder e Golpe de Classe. Trad. Laboratório de Tradução da Faculdade de Letras da UFMG. 5ª Ed. Petrópolis.
DUSSICH, J. P. J. (2010). “Violence And The Media. Criminology 80, 1970”; Petty, R. D. The ‘Amazing Adventures’ of Super Hero. 100 Trademark Rep. 729.
FENNELL, J. 2012. “The aesthetics of Supervillainy”. 16 Law Text Culture, vol.I.
FERGUSON, R. (2014). Inferno: An Anatomy of American Punishment. New Haven: Harvard University Press.
FISS, O. (2009). The Death of a Public Intelectual. The Yale Law Journal, vol. 104, 1995.
FRIEDMAN, B. The Will of the people: how public opinion has influenced the Supreme Court and shaped the Constitution. New York: FSG.
GALLOTTI, L. (1968). [Discurso] Ao transmitir a presidência do Supremo Tribunal Federal. Diário da Justiça, 16 dez, Brasília: Diário Oficial da União, p. 5365-5366.
GALLOTTI, L. (1969). [Discurso]. In: Sessão Solene do Plenário do Supremo Tribunal Federal, Brasília, em 5 de fevereiro de 1969: homenagem aos Senhores Ministros Aposentados, Brasília: Diário da Justiça, p. 285-286.
GALVÃO, F. (1979). “Sebastião de Lacerda, juiz do Supremo Tribunal Federal”. Revista do Tribunal de Contas do Município de São Paulo, Nº 25, Ano VIII, Abril.
GREENBERG, M. H. (2011). Comics, Courts & Controversy: A Case Study of the Comic Book Legal Defense Fund. 32 Loy. L.A. Ent. L. Rev. 121.
GUEMBE, M. J. (2005). Reopening of Trials for Crimes Committed by the Argentine Military Dictatorship. SUR - Int'l J. on Hum Rts. 115.
HABERMAS, J. (2005). Facticidad y validez: sobre el derecho y el Estado democrático de derecho em términos de teoría del discurso. 4. Ed. Madrid: Trotta.
HERRERA FLORES, J. (2008). La Reinvencion de los derechos humanos. Andalucía: Colecíon Ensayando.
HODAK, G. (2007). FDR Unveils Court-Packing Plan. ABA Journal, Vol. 93, Issue 2, February.
LACERDA, M. (1927). Historia de uma covardia. Rio de Janeiro: Freitas Bastos.
LARRAURI, E. (2000. La Herencia de la Criminología Crítica. 3ª Ed. Madri: Siglo Veintiuno de España Editores.
LEUCHTENBURG, W. E. (1966). The Origins of Franklin D. Roosevelt's Court-Packing Plan. Supreme Court Review.
LINS E SILVA, E. (1997). O Salão dos passos perdidos: Depoimento ao CPDOC. Rio de Janeiro: Nova Fronteira e FGV.
LUHMANN, N. (2005). El derecho de la sociedad. Trad.: Javier Torres Nafarrate. Cidade do México: Herder.
LUHMANN, N. (2007). La sociedad de la sociedad. Trad.:Javier Torres Nafarrate. Cidade do México: Herder.
MACHADO, B. AMARAL (2012). Discursos criminológicos sobre o crime e o direito penal: comunicação e diferenciação funcional. Revista de Estudos Criminais, nº 45, abril-junho, p. 77-116.
MACHADO, B. AMARAL: TAQUARY, E. ORBAGE. (2016). A tipificação do crime de desaparecimento forçado de pessoas: construção jus internacional e a memória como categoria criminológica crítica. Revista de Estudos Criminais, n. 63, p. 59-94, dez.
MACHADO, B. AMARAL; ZACKSESKI, C.; RAUPP, R. M. (2016). “Tempos da investigação: o transcurso do inquérito policial no sistema de Justiça Federal”. Revista Brasileira de Ciências Criminais, São Paulo, ano 24, vol. 124, p. 143-181, out.
MALLIMACI, F. (2006). La Dictadura Argentina: Terrorismo de Estado e Imaginário de la Muerte. Buenos Aires.
MAYER, R. (2015). Entrevista: História Oral do Supremo [1988-2013]. Rio de Janeiro: Escola de Direito da FGV.
MELLO, T. DE. (2003). Faz Escuro, mas eu canto. 21ª Ed. São Paulo: Bertrand Brasil.
MELLO, T. DE. (2016). Entrevista: Autor de ‘Faz Escuro Mas Eu Canto’, Thiago de Mello comemora 90 anos em São Paulo. Estadão. Caderno Cultura, de 15 de março. Disponível em: <http://cultura.estadao.com.br/noticias/literatura,autor-de-faz-escuro-mas-eu-canto--thiago-de-mello-comemora-90-anos-em-sao-paulo,10000021236>, acesso em: 21.11.2016
MELOSSI, D. (1992). El estado del ccmtrol social. Un estudio sociológico de los Conceptos de estado y de control social en la conformación de la democracia. México, Siglo XXI.
MEZAROBBA, G. (2010). Between Reparations, Half Truths And Impunity: The Difficult Break With The Legacy Of The Dictatorship In Brazil. SUR - UR - Int'l J. on Hum Rts. v. 7, n. 13, dec.
MIGNONET, E. F.; ESTLUNDTT, C. L.; ISSACHAROFFTTT, S. (1984). Dictatorship on Trial: Prosecution of Human Rights Violations in Argentina. 10 Yale J. Int'l L. 118.
MILLS, C. (1999). Wright. The Power Elite. Cambridge: Oxford University Press.
NINO, C. S. (1980). Los Limites de la Responsabilidad Penal: Una teoría liberal del delito. Editorial Astrea: Buenos Aires.
NINO, C. S. (1991). La huida frente a las penas. No hay derecho, II, 4.
NINO, C. S. (1993). Se acabó el debate. No hay derecho, III, 8.
NINO, C. S. (1996). Radical Evil on Trial. New Haven: Yale University Press.
NINO, C. S. (2015). Juicio al mal absoluto: ¿Hasta dónde debe llegar la justicia retroactiva en casos de violaciones masivas de los derechos humanos? Buenos Aires: Siglo Veintiuno.
NOVA MONREAL, E. (1985). Desorientación epistemológica en la criminología crítica? Revista Doctrina Penal, n. 8, Depalma, Buenos Aires.
NOVA MONREAL, E. (1986). Lo que hay al lado no es un jardín: mi réplica a Lola Aniyar de Castro, Revista Doctrina Penal, n. 9, Depalma, Buenos Aires.
OGDEN, C.K. (1932). Bentham' Theory of Fictions. New York: Kegan Paul.
OST, F. (2005). O tempo do Direito. Tradução: Elcio Fernandes. Bauru: Edusc.
PIRES E ALBUQUERQUE, A. (1972). Culpa e Castigo de um Magistrado. 3ª ed. Rio de Janeiro: Hunos.
PISARELLO, G. (2012). Un largo Termidor: historia y crítica del constitucionalismo antidemocrático. Quito: Corte Constitucional para el Período de Transición.
REIBMAN, J. E. R. ELLISON, F. WERTHAM, M.D. (2001). And The Lafargue Clinic: Civil Rights And Psychiatric Services In Harlem. 26 Okla. City U. L. Rev. 1041.
REQUA, M. (2012). A Human Rights Triumph? Dictatorship-era Crimes and the Chilean Supreme Court. Human Rights Law Review 12:1.
REZEK, F. (2015). Entrevista: História Oral do Supremo [1988-2013]. Rio de Janeiro: Escola de Direito da FGV.
RÍO, A. DE. (2014). El desarrollo Institucional de la Corte Suprema de Justicia Nacional y del Supremo Tribunal Federal: Trayectorias comparadas desde el estableciemiento a la democratización. Curitiba: CVR Editora.
RÍO, A. DEL. (2012). “A Corte Suprema de Justiça Argentina e a Ordem Conservadora: Uma Análise de Trajetórias (1853-1930)”. Passagens: Revista Internacional de História Política e Cultura Jurídica, v. 1, p. 132-152.
RÍO, A. DEL. (2015). “La dictadura argentina en el banquillo: la trayectoria de la justicia y punición a los responsables por los crímenes de lesa humanidad”. Política, globalidad y ciudadanía, v. 1, p. 1.
ROJAS, GERARDO BERNALES. (2007). La Imprescriptibilidad de la Acción Penal en Procesos por Violaciones a los Derechos Humanos. Revista Ius et Praxis, 13 (1): 245 - 265.
SANTOS, M. P. DOS. 2009. A História Não Contada do Supremo Tribunal Federal. Porto Alegre: Safe.
SEÑA, J. F. MALEM. NINO, C. S. (1995). A Biobibliographical Sketch. Interamerican Law Review, vol. 27, n. 1.
SILVA, J. A. DA. (2011). O Constitucionalismo Brasileiro: Evolução Institucional. São Paulo: Malheiros.
SIMON, P.; Garfunkel, A. (1965). The Sounds of Silence. Sounds of Silence. Washington: Columbia.
SOITMAN, D. (2013). Applauding Uruguay's Quest for Justice: Dictatorship, Amnesty, and Repeal of Uruguay Law no. 15.848. Washington University Global Studies Law Review, vol. 12.
THORNTON. (1885). Pardon and Amnesty. Criminal Law Magazine, vol. VI, nº 4, july.
TREANOR, W. M. (2016). Lesson for Obama in Ford's selection of Stevens. Disponível em: <http://law.fordham.edu/17791.htm>, acesso em: 22.11.
VALE, O. T. DO. (1975). O Supremo Tribunal Federal e a instabilidade politico institucional. Dissertação de Mestrado. Escola de Administração Pública da FGV. Rio de Janeiro.
VAN SWAANINGEN, R. (1997). Critical Criminology: Visions from Europe. London: Sage.
VON JHERING, R. (1974). En el cielo de los conceptos jurídicos. Una fantasia. em: R. Von Jhering, R. Bromas y Veras en la jurisprudencia. Trad.: Tomás A. Banzhaf. Buenos Aires: EJEA.
VON JHERING, R. (1985). In The Heaven for Legal Concepts: A Fantasy, Trad. Charlotte L. Levy. Temple Law Quarterly, vol. 58.
WILLIAMS, S.; MADAN, F. (1974). Handbook of the Literature of the Rev. C. L. Dodgson, citados en Martin Gardner: The Annotated Snark, Penguin Books.
Young, G. K. (2002). Amnesty and Accountability. 35 U.C. Davis L. Rev. 427,
ZACKSESKI, C.; FREITAS, F. DA SILVA. (2016).O esquecimento como pena a partir da trajetória de Wilson Simonal. Em: Machado, B. Amaral; Zackseski, Cristina; Duarte, E. Piza. Criminologia e Cinema: narrativas sobre a violência. São Paulo: Marcial Pons/Fundação Escola Superior do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios.
ZAFFARONI, E. R. (2012). A palavra dos mortos. São Paulo : Saraiva.
ZAFFARONI, E. R. (1992). ¿Vale la pena? No hay derecho, II, 5.
ZAFFARONI, E. R.; BATISTA, N.; SLOKAR, A. & ALAGIA, A. (2003). Direito Penal Brasileiro: Teoria Geral do Direito Penal. Rio de Janeiro: Revan.